História do Rito Adonhiramita no Brasil [Domingos Fernandes Dias] - TEMPLO MAÇÔNICO

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História do Rito Adonhiramita no Brasil [Domingos Fernandes Dias]

                                                       

História do Rito Adonhiramita no Brasil
Pediram-me para falar da Maçonaria Adonhiramita, e quero começar conscientizando aos meus Amados Irmãos que não vou fazê-lo de forma satisfatória, por que não poderei apresentar ou me reportar a certidão de nascimento de Rito, com local, data e hora e quem foram seus pais. Mas os Amados Irmãos já devem estar acostumados a esse tipo de problema, pelos seus estudos e pesquisas sobre a origem da Maçonaria, em que são apresentadas teses que vão desde Adão e Eva, Noé, Enoc, Hermes, Eleusis, Orfeu, Essênios, Salomão, Pitágoras, Numa Pompilio, Pedro o Eremita, Templários, Guildas Operativas e tantas outras, passando de setenta o seu número. Logicamente, não se titulavam Maçons os seus membros e sim iniciados, pois a 1ª referência conhecida, de forma documental do título de Maçom, aparece numa Lei de Controle de Salário em 1249, na Inglaterra, após a Peste Negra que dizimou mais da metade da população, sendo citadas diversas profissões, inclusive a de Maçons. Assim, temos iniciados nos Pequenos Mistérios e Grandes Mistérios, que conforme os líderes destacados da época e da Região davam os nomes das Escolas. Já ouvimos falar dos Iniciados Essênios, Arquitetos Dionisíacos, Orfeu, Bacantes, etc... A primeira citação ligada a Maçonaria aparece em 1385 na Revolução dos Camponeses na Inglaterra, sendo citada como Grande Sociedade, fazendo ligações a organização e comunicação da Ordem Templária, que havia sido extinta setenta anos antes. Na Inglaterra e na Escócia, (Irlanda) vamos encontrar, portanto os principais marcos da Maçonaria de forma documental, até porque foi o primeiro país a romper com o jugo do clero, criando a Igreja Anglicana e assim atenuando de certa forma as perseguições da Inquisição que durou no mundo de 1163, instituído no Concílio de Tours pelo Papa Alexandre III, reforçado pelo Papa Inocente IV, em 1542, quando autoriza oficialmente as torturas físicas como parte dos processos, e que só foi abolida em 1834 efetivamente, mas oficialmente ela só se extinguiu em 1965, pelo Papa Paulo VI. 
Na Inglaterra, quando da transformação da Maçonaria Operativa para Especulativa em 1717 com a reunião das quatro lojas, já conhecidas “A da Cervejaria do Ganso e da Grelha, relativa a Igreja de São Paulo”; “A da Cervejaria da Coroa, em Parker Lane, próximo a Drury Lane”; “A da Taberna da Macieira, em Charles Street, em Couvent Garden”; “A da Taberna e das Uvas, em Channel Row, em Westminster”, o Grão-Mestre George Payne criou uma comissão para juntar todas “Olds Charged”, presidida pelo Reverendo James Anderson, que em 1723 publicou a Constituição Maçônica, que hoje conhecemos por “Constituição de Anderson”. Vejam uma Comissão é incumbida para sequenciar todas as “Antigas Ordenações”, portanto já existentes, e dar uma forma jurídica concatenada, aos diversos escritos que norteavam todas as lojas Operativas, até então autônomas. E o que fazem? Alteram algumas formas da ritualística praticada pelos Maçons Operativos. Queimam papeis de “Antigas Ordenações”, que poderiam depor contra a “ordenação” que estavam sequenciando e estabelecem os alicerces do que hoje conhecemos como Maçonaria Especulativa. E a Constituição de Anderson, ficou conhecida, induzindo numa 1ª leitura, que ele fosse o seu criador, e não mero coordenador. A mesma problemática vamos encontrar em relação a “Maçonaria Adonhiramita”. “A Coleção Preciosa da Maçonaria Adonhiramita” esta para Luiz Guilherme de San Victor como Anderson para a Constituição. Todos sabemos que o Barão Theodoro de TSCHOUDY, foi o reformulador do Rito Adonhiramita, que já existia anterior a 1616 com 7 Graus, como o afirma o Ilustre escritor Maçons Escocês, Oscar Argollo, no início do Século XX em sua Obra “O Segredo da Maçonaria”, que estou distribuindo aos AAm.’.IIr.’., para posterior leitura. Ele cita que em 1248 a Catedral de Colônia foi construída, pelos Operativos, e a esse tempo o ritual conhecido era usado o do Egito e portanto o primitivo Adonhiramita. Ainda, em relação à origem do Rito Adonhiramita gostaria de citar o enfoque do nosso grande Secretário Adjunto de Orientação Ritualística do GOB, o nosso Am∴ Ir∴ Ademir Soares da Costa no Seminário no Rio de Janeiro do G∴O∴E∴R∴J∴, que coloca a publicação do Abade LUIZ TRAVENOL – com o nome LEONARDO GABANON – “CATHECISM DE FRAN-MAÇON”, ou de Secret de Franc-Maçon em 1744 – 1ª Edição – questionando se o Arquiteto do Templo é Hiram ou Adonhiram. Provando de forma documental, esta publicação, que havendo questionamento em Livro, o Rito já existia antes. E considerando que o Barão de TSCHOUDY nasceu em 1724 ou 1730, portanto teria apenas 14 ou 20 anos, não foi o seu criador, menos ainda Louis Guilheman de San Victor, que era mais novo. Podemos então admiti-los, apenas como reformadores. Vamos a essa história: Ela começa, como foi citado anteriormente em 1717 com a criação da Grande Loja da Inglaterra, e as introduções Ritualísticas feitas pela comissão, alterando o Ritual dos Operativos. A grande revolução, era que as quatro Lojas se reuniram para dizer, “que de hoje em diante não seremos mais operativos e abrigaremos qualquer um proposto, que seja aprovado e passe pela iniciação. “Só que as mudanças, as retiradas e inclusões, não agradaram as lojas autônomas, que protestaram e em 1733 formaram outra potência, a Grande Loja do regime Escocês Antigo, chamando a outra Grande Loja de Modernos, pelas modificações”. Mais tarde, resolveram fazer a unificação e criaram em 1758 uma comissão para normalizar a ritualística, que só se completou em 1813, quase 50 anos depois, dando origem com a fusão, a Grande Loja Unida da Inglaterra. É fácil imaginar que os modos diferentes de cada loja trabalharem, criou escolas. E adicionando, retirando ou fundindo, vamos encontrar cada loja trabalhando de uma maneira ritualística diferente, ganhando o nome da Loja que copiava. Assim temos o Rito ou Ordem de Heredon, (Kilwinning) em 1758 na criação do Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, que tentando encontrar uma solução para a multiplicidade de formas ritualísticas, criam comissões, que apresentaram as conclusões que geraram o RITO DA PERFEIÇÃO ou ESCOCÊS com 25 Graus (5 energias solares x 5 pontos da perfeição), que mais tarde em 1801 acrescido de mais 8 Graus tornou-se o Rito Escocês Antigo e Aceito de 33 Graus. O RITO DE NAMUR com 33 Graus (reportando-se as 33 vértebras a subir), que não vingou. O RITO MODERNO ou Francês com 7 Graus (os 7 Chakras principais), pararece até brincadeira que logo o Rito Moderno estudaria os Chakras. O RITO ADONHIRAMITA com 12 Graus e sua correlação com o Zodíaco e que mais tarde com as publicações de Louis Guilleman de San Victor de uma tradução dos Cavaleiros Noaquitas que fizera do Alemão, passa a ser o 13º Grau. TSCHOUDY não aceitando a fórmula HIRAM prevalecente, sai do Capítulo e em 1762 forma “O Conselho do Imperador do Oriente” que tem como presidente Pirlet, que o incube de redigir os rituais do Capítulo, que ele ordena em 15 Graus e cria o Rito do Cavaleiro de Santo André, síntese filosófica, que solicita que jamais seja publicado, ficando como Arcano do Capítulo. Após a sua morte em 28 de maio de 1769, o Capítulo desrespeitando o seu pedido, faz a publicação do Santo André com diversos rituais que ele reformulara em Comissão, entre eles o Kadosch, que só foi aceito na hierarquia Maçônica, depois da sua reformulação, ganhando o Grau 30 do Escocês Antigo e Aceito, ficando Santo André no Grau 29. 
Essa reforma se expande pela Europa e através de Portugal a Maçonaria Adonhiramita chega ao Brasil de forma regular em 15 de novembro de 1815, com a fundação da Loja Comércio e Artes, que passou a congregar as mais fortes lideranças políticas da época, sob os auspícios do Grande Oriente Lusitano. Em 30/03/1818, D. João VI, em consequência da solicitação feita pelos cinco Regentes do reino de Portugal, decreta o fechamento das Lojas Maçônicas no Brasil e Portugal devido ao envolvimento delas na Revolução Pernambucana de 1817 e do Grão-Mestre de Portugal Gomes Freire na Revolução Portuguesa. A Família Real retorna a Portugal em 1821 e a Loja Comércio e Artes “da Idade do Ouro” se reinstala no Rito Adonhiramita, conforme Ata de 2 julho de 1821. Ficou deliberado nesta data, o seu desdobramento com a finalidade de fundar e instalar as Lojas Esperança de Niterói e União e Tranquilidade, compondo dessa maneira o tripé inicial, sobre o qual se estalaria em 17 de junho de 1822 o Grande Oriente Brasílico. Os quadros das Lojas são formados por sorteios entre os membros da Loja mãe Comércio e Arte. É importante que se esclareça aqui, que as três Lojas reunidas como Grande Oriente, após fundação, resolveram colocar na Constituição do grande Oriente Brasílico o Rito Moderno para facilitar o reconhecimento da Inglaterra, desvinculando-se, assim do Grande Oriente de Portugal, Brasil e Algarves, mas trabalhando no Rito Adonhiramita até o seu fechamento em 21 de outubro de 1821, por ordem do Grão Mestre Pedro I, e depois em 25 de outubro de 1821 como Imperador do Brasil. 
Como podem ser confirmados lendo as Atas nº. 5 e nº 10 do GOB, quando essas três Lojas se reuniam como GOB, se auto-denominando de “Grande Loja”. Todos já conhecem as lutas políticas entre Gonçalves Ledo e José Bonifácio que resultaram no exílio de ambos. Mas a parte bonita dessa história é quando D. Pedro I chama José Bonifácio para ser o tutor dos seus quatro filhos, e o Grande Oriente do Brasil reabre em 23 de novembro de 1831, voltando a ter José Bonifácio com Grão-Mestre, trabalhando no Rito Moderno, e temos o discurso de posse, que ficou célebre, escrito por Gonçalves Ledo e lido integralmente por José Bonifácio, selando a superação de ambos pela espírito patriótico que os une fraternalmente novamente, mas, já tendo que administrar uma divisão Maçônica, pois fora criado em 24 de junho de 1831 o Grande Oriente Brasileiro do Passeio. Em 1832 é fundado o Supremo Conselho do Rito Escocês por Montezuma, passando a predominar na formação e transformação de Lojas. O Rito Adonhiramita sofreu certo abandonado no Grande Oriente do Brasil, durante esse período, só revitalizando-se em 1833, quando foi fundada a loja “Sabedoria e Beneficência”, de Niterói, que abateu colunas em 1850. em 1839, surgiu a 2ª Loja “Firmeza e União”, no mesmo ano em que o Grande Oriente do Brasil instituiu o Grande Colégio dos Ritos Azuis, incluindo, Adonhiramita. Em 1863 houve uma dissidência no Grande Oriente do Brasil liderada por Joaquim Saldanha Marinho, sendo criado o Grande Oriente do Vale dos Beneditinos, que deu grande importância ao Rito Adonhiramita, chegando a ter mais Lojas do Rito, que o Grande Oriente do Brasil – cinco contra três. Depois foi fundada em 1869 a Loja “Aliança”: e em 1872 a Loja Redempção, perfazendo um total de três Lojas, o que possibilitou a criação em 24 de abril de 1873, pelo Decreto nº 23 do Grande Oriente do Brasil, do “Grande Capítulo dos Cavaleiros Noachitas”. 
Em 1929 Mário Bhering, Grão-Mestre em exercício perde a eleição no Grande Oriente do Brasil e faz prevalecer a Orientação do Congresso de Lausane de 1875 que sugeria a separação dos Graus Filosóficos dos Simbólicos e funda a Grande Loja, levando Patente do Supremo Conselho de Montezuma consigo, deixando o Supremo Conselho do Grande Oriente do Brasil na irregularidade. Gostaria apenas de comentar, que as Lojas Simbólicas criadas por Mário Bhering, tornaram-se irregulares pela fórmula do próprio Congresso de Lausane, que não quer interferência do simbolismo no filosófico e vice-versa. Outro detalhe, é que o Rito Escocês desenvolvido na Grande Loja, recém criada por Mario Bhering, foi o retificado por TSCHOUDY e conhecido como Rito Escocês Retificado, com gravata branca, tendo duas grandes modificações HIRAM é o Mestre Arquiteto e o lado esquerdo é o 1º a ser trabalhado. 
Em 1951, o Grande Oriente do Brasil tornou-se Potência Simbólica, governando apenas os três primeiros Graus, deixando os Altos Graus para Obediências dos Ritos. O Grande Capítulo do Rito organizou e a partir de 1953 passou a denominar-se “Muito Poderoso e Sublime Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas para o Brasil”, e continuou fundando Lojas, que em dois ou três anos transformava-se em Escocês pela atração dos 33º. Então em 1973 ao fazer 100 anos da criação do grande Capítulo Noaquita pelo GOB, resolveram fazer uma grande modificação na estrutura administrativa e da graduação do Rito, já que o Rito ficara sendo apenas no Brasil. E em 2 de junho de 1973 o Sublime Grande Capítulo passou a se chamar “EXCELSO CONSELHO DA MAÇONARIA ADONHIRAMITA” e o Grande Inspetor AYLTON DE MENEZES assumiu o título de Grande Patriarca Regente e os altos graus foram aumentados de 13 para 33 como REAA, incorporando os rituais reformados por TSCHOUDY como o houvera feito o Rito Escocês. 
Neste momento, 1973, por outra cisão em eleição no GOB, surgiram os Grandes Orientes Independentes e há intervenção da Polícia Militar no Palácio Lavradio do Rio de Janeiro (o Poder Central – GOB – era no Palácio, que foi fechado). O Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita entra na Justiça como Pater-Família do Grande Oriente do Brasil, requerendo e obtendo o fiel depositário do Palácio, reabrindo suas atividades, sob a custódia dos AAm.’. IIr.’. Adonhiramitas que em escala se revezaram por quase um ano, 24 horas por dia, até a definição da Lide.
Quando da mudança da Maçonaria Adonhiramita do Grande Oriente do Brasil, de 13 Graus para 33 Graus, existiam em funcionamento, 33 Lojas em 02.06.1973. Hoje, 30 anos após, temos 221 Lojas, um aumento de 188 Lojas, ratificando o acerto da decisão. 
Finalmente o EXCELSO CONSELHO DA MAÇONARIA ADONHIRAMITA DECLARA E PROCLAMA não há Rito melhor nem pior, que o outro, apenas metodologias diferentes que visa o mesmo fim, que é a melhoria do Homem, mostrando o caminho para iluminação e consequentemente a melhoria da Humanidade. Nós Adonhiramitas começamos trabalhando o lado direito Grau 1, enquanto os Escoceses trabalham primeiro o lado esquerdo. Depois o Adonhiramita trabalha o esquerdo Grau 2 e os Escoceses trabalham o direito, mais ao final os dois trabalham o meio. Maçonaria é Amor e toda Filosofia Maçônica nos indica o cultivo das virtudes, que é o grande caminho a ser trilhado e a Maçonaria Adonhiramita nos obriga no tratamento de AAm. IIr. a repetição didática dessa energia, que impregnado nosso inconsciente, encha cada célula do nosso bilionário ser, para que elas a possam vibrar e espargir Amor a todo o semelhante. 
Domingos Fernandes Dias
MI 98194
Revisao: Wagner Veneziani